terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Behemoth- Transylvanian Forest

Love through Suicide




Tomou todos os comprimidos que encontrou pela frente. Estava bêbada, vinho barato. A música, altíssima, arrancava-lhe os últimos resquícios de sanidade. As embalagens vazias de remédios caiam da pia estreita por todo o chão do banheiro. Cantava alto, “It’s a nightmare, but its clear, it will end...” pura embriaguez. Derrubou um frasco de algo qualquer e as cápsulas rolaram para fora do banheiro.
- Parem de escapar....!
Estrago feito, caminhou aos tropeços pela casa e deitou-se no sofá da sala. Tudo rodava, mesmo de olhos fechados. As luzes estavam apagadas e como de costume ela deixara três velas acesas, uma em cada canto do cômodo, de modo que formassem um triângulo invisível. Magia. Revelação.
Estavam acostumados a conviver com o sobrenatural e buscavam todas as maneiras de se aproximar dessas forças ocultas.
“Everyone I Love is Dead!”
Esperou. Não demoraria nada. Seria rápido. Já não podia mais suportar o que fizera. O homem que a amava morava ali a contragosto. Hoje viveriam muito melhor se ela tivesse sido um pouco mais decidida. Esticou o braço e sobre a mesa encontrou um pedaço de papel. Fez um esforço, sentou-se no sofá e do sofá escorregou para o tapete felpudo. A mesa estava cheia de papéis, partituras, rabiscos, contas. Contas a pagar. Encontrou uma caneta e começou:

“Me perdoa. Até agora nada está acontecendo como tu imaginaste..”

Mais embaixo, muito mal escrito:

“Só poderei amar aquele que me salvar”…

E deitou no chão, olhando para o teto onde brilhava o reflexo laranja da luz de velas. Não conseguia fixar os olhos em nada. Sentiu-se distante, parecia que o corpo tinha ficado pesado e apenas a consciência funcionava. A madrugada começava a esfriar. De repente uma sensação impressionante a pegou de surpresa. Começou a sufocar. Não importava o esforço que fizesse para respirar, o ar não entrava. A asfixia fê-la explodir em lágrimas arrependidas. O medo começou a enegrecer aos poucos sua visão. As veias, entupidas de química, impediram-na de agir.
Apagou.
Mas ele estava vigilante. Sabia que cedo ou tarde Lilith tentaria suicidar-se. E era assim que pretendia salvá-la daquela apatia que habitava seu corpo. E naquela noite, o show ainda não havia terminado, desceu do palco sem maiores explicações e voltou para casa.
Antes de abrir a porta já sabia o que ia encontrar, o volume do som estava muito alto, e a casa assustadoramente silenciosa. Precisava procurá-la. As pernas tremiam. Poderia ser tarde demais?
Abriu a porta do banheiro, pisou nos comprimidos caídos esfarelando-os; nada. Fez a última curva e encontrou-a quase no escuro, caída entre o sofá e a mesa de madeira. Sonhava?
Atirou-se sobre seu corpo envolvendo-a como pode.
- Meu amor, estou aqui, estou aqui...
“You are the first, you’ll be my last....ahhhh!”
Recobrando a consciência por instantes abriu os olhos. No escuro conseguiu enxergar apenas a sombra de seu Lord, e nada conseguiu dizer. Seu coração de pássaro ficou leve e ela sentiu vontade de voar tão feliz estava.
- Fique comigo mais um pouco corvo...não se vá...
E o pássaro olhou para trás, prestes a atravessar a porta, desdobrou as asas e voltou. A porta se fechou.
O líquido escorreu pegajoso para dentro de suas veias e sangue vivo preencheu a seringa. As vozes se misturavam. Uma sensação de ânsia. Dor, arrependimentos, alucinações. De repente as visões tenebrosas cessaram. Uma sensação de latência tomou todo seu corpo. “Campos verdes...” e continuou vagando por lá, escutando sussurros de seu Lord. Tudo estava tão devagar. O vento vergando as folhas gentilmente, os rios e flores..perfume de rosas...”rosas...”
- Volte, volte para mim...
E mais uma vez a visão cessou. Dessa vez a alma tinha mesmo retornado ao corpo de Lilith, que não abriu os olhos, apenas fechou suas mãos, que cruzadas sobre o peito, encontraram o caule de uma rosa. Ao lado, imerso em sombra, seu Lord deu um sorriso aliviado e tomando-lhe as mãos deu-lhe um beijo silencioso. Guardada em seu bolso, escrita sobre um trecho de um conto de Lovecraft, estava a carta de despedida interrompida...
- Lilith....é tudo como imaginei...


†Corvo†
- Memórias de uma quase...-

. . .


It was such a beautiful and endless dream
I walked through paths forgotten by mankind
I saw gardens so unusual, frozen in time

But it was inside a dark cyclopean building buried in to the snow
Where my ears were filled by a strange dark melody
That I found her, so quiet, staring at me

Her beauty was envyed by the angels themselves
Like she felt from Heaven in the distant skies

She seemed to be a nymph from the old tales
Parallyzed, like a statue from ancient times

I couldn’t resist getting closer to her
We should knew each other from countless centuries
And that’s the reason, (the only reason) for she was calling me so intense

I finally touch her milky white skin
So cold but so sweet...
I smiled, despite the smell of the dead that embraced me...

I closed my eyes, and possessed by her
I kissed those dark rotten lips

I felt like i’ve born only to stay at her side
As my very soul was being sip

And I still don’t know if I ever I woke up
When I opened my eyes, I screamed, possessed by despair
I saw nothing but darkness, and the smell of death I felt in the air

She took me to me to be hers
As I was doomed, in that claustrophobic place
I’ve been buried alive in her cold forgotten grave

But I knew it was only matter of time before Death to come
And then I’d love her forever, in the depths of the abyss

In a state of frenzy, I made love with her rotten cold body
And I keep waiting not to wake up and not to forget, the taste of her dead kiss.


- Lord Insólitus -
imagem: Monastery Graveyard in the Snow, Caspar David Friedrich, 1817. Do blog Smatterings of Reverie.
" E o sorriso desapareceu nas lágrimas..."

Se dissesse que não sabia como havia chegado ali seria mentira.
Com o passar dos anos o caminho, a cada passo, se tornava mais tortuoso
Sei que precisava sentir...e a única forma de amá-lo seria através do suicidio...

domingo, 21 de novembro de 2010

Estranha inspiração que me desce,
acaricia, se espalha
Fecho os olhos como que em prece
sentindo-a tocar meu vazio;
tornam-se consonantes
Breves instantes em que
existo por inteira
Mantém-me aquecida
a cálida luz de sol,
paz nessa harmonia lasciva

Lágrimas então
quando o sonho
desfalece

terça-feira, 12 de outubro de 2010

II.I.

II.

Silencio absoluto. O primeiro feixe de sol atravessou o cômodo. Iluminadas, as partículas de poeira rodopiaram aos encontrões, e depois, cansadas de vagar, pousaram sobre a mobília muda.
Na cama, um corpo inerte, pálido. Longos cabelos pretos pendiam, em ondas, em direção ao chão. Tinha os olhos fechados docemente e a boca, entreaberta, dando a impressão de que ela sussurrava algo no mundo dos mortos. As mãos fechadas e os lençóis revoltos revelavam, às imaginações de quem realmente a conhecia, a cena que há algumas horas havia sucedido.
Do lado de fora, a natureza em luto silencioso. O sol, no entanto, continuava a brilhar indiferente.

I.

Ai de mim!
Morro trancada nesse quarto
Divago, divago
Entre faces e constelações estrangeiras
Percorro meu velho e
conhecido caminho
Um passo mais longe e,
Aqui, meu corpo esfria
Anseio a liberdade
Mas Óh! Meu amor...
Aquece minha’lma já fria
Arranca-me dos braços da morte
Pela ultima vez...”

† Corvo †

domingo, 10 de outubro de 2010

A cor da despedida



O mesmo sonho se repete. Vidro fumê. Sangue. Onde está você?
- Eu também, eu também...
Mas a resposta vem tarde. A morte lavou-lhe a vida.
Um longo abraço vermelho
sob a água que a manteve aquecida

†Corvo†
-Memórias de uma quase...-
imagem: Vampire Knight, anime.

Escombros

O mesmo sonho se repete. Vidro fumê. Sangue. Onde está você?


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Elevam Minha'lma
muros verticais
Infiltrados de umidade
levam meu olhar
ao interior pálido sem esperanças
Não respiro na escuridão sufocada por lembranças

Mas porque o coração bate mais forte nessa rua?

Morto horizonte em destroços
E a luz por trás torna-os sombra
de um passado estraçalhado
e de memórias arrebentadas

Mas hão de reviver todas as histórias
a cada por-de-sol!
Todos os atos do passado
assombrarão a modernidade decadente!
Viverão vocês eterna danação
ao fim de cada dia
dividirão seus palcos irrelevantes
com os fantasmas dessa Terra errantes!

†Corvo†
-Memórias de....-
Um pequeno escrito sobre...a tristeza que é ver ruas inteiras de casas antigas serem demolidas para darem lugar a prédios modernos que em breve estarão cheios de pessoas nojentas com suas vidas mesquinhas e imbecis.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

The Fall of Every Season - Her Withering Petals

Fecho os olhos e lá estou, no meio dessa paisagem,

Você também consegue ouvir o vento? As folhas estalando?

A Terra dá voltas, o céu está em mim, pertenço....a ela....em vida.

Na morte, caminho livre

Pertenço a nada.

na....da......

- A banda é Norueguesa, e foi o Yuri que descobriu, na verdade o cara é norueguês....fóda demais. -

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

.


A noite sonhava, tão tarde era. No bosque úmido aguardava nervosa o momento. Ao sentir o sinal elevei minha voz que ecoou rapidamente entre os troncos e logo depois perdeu-se nos vazios inomínáveis daquele mundo:

- Criaturas da noite! Aproximem-se! Como já sabem essa é a madrugada escolhida. Ele deve morrer. Não se esqueçam, deve morrer sorrindo!

Ao pronunciar as palavras senti as figuras horripilantes aproximando-se em trajes desconhecidos. Eram formas indecifráveis. Tinham os olhos vidrados postos em mim. De releançe, entre seus risinhos anciosos, vi faiscarem as presas proeminentes.

Éramos um organismo vivo e tínhamos um pacto para cumprir. Enfim estaríamos libertos e meu corpo descansaria eternidades, devorado aos poucos pelos vermes, a alma liberta vagando entre universos e manipulando elementos. O Fim daquela tortura secular.

Ouvímos então um urro escabroso. Era ela, minha querida besta guardiã do Inferno. Cada molécula de meu corpo entrou em sintonia com aquela grandeza. O momento feriu minha alma e uma lágrima queimou, fervente, meu rosto. Raiva, saudade:

- Avante criaturas da noite! É nossa hora! Somos um, nada tememos!

Berros foram destilados pela horda. E a grande massa passou a mover-se. Patas, pés e garras abriam caminho destruindo as plantas mais frágeis, cobrindo aquela terra de homens e deuses. A cada segundo a distância diminuía.


†Corvo†

- Sonhorama -
imagem: RooTube

domingo, 19 de setembro de 2010

Desfecho?/ "- Passagem"



Estou fascinada!
Revivem memórias latentes
Frio intenso e o ar tão leve!
Presenciar esse ato, séculos encerrado
Faz meu sangue correr ao contrário

(Náuseas). Desmaio

Passado, apreensivo,
segura-me nos braços
Observando meu respirar dormente
logo abandona todo aquele ar temente.
Gracejo, sorrio-lhe, entrego-me
faço parar meu coração
Doce ritual de dor, morte e libertação...


†Corvo†
- Memórias de uma quase Vida -
imagem: se alguém souber o autor...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Old Funeral - Devoured Carcass

mais uma, irresistível...mtu sexy esse som!

Ao som de

Old Funeral - Alone Walking

Essa vocês conheciam??? mtu loka a formação dos caras...

Death Whispering


I still don't know
what i'm doing here
I'm wandering inside the night
no need to close my eyes tight
I can feel her soft breath
speaking behing my neck
She tortures my heart
With her cold ancient lips
I wanna deadly kiss her
'till my mouth starts to bleed
Kill me! Kill me!
at the corner of that street




†Corvo†
-Memórias de uma quase...-

foto: Senhorita Ashayanaa, é isso?

sábado, 11 de setembro de 2010

Presunto é bom ahahahah

to precisando de um misto quente....-.-
só ele pode me salvar, das crueldades desse mundo!
Óh !




sexta-feira, 10 de setembro de 2010

3 por 4


Dança Vertiginosa
esse teu doloroso existir
Estou completa sem estar,
Valsando sem meu par

A sorte me tem sido venenosa
Não nasci para compartir
Estou doida! Começo a delirar
E a valsa nem sinal de terminar



†Corvo†
- Memórias...-

Imagem: The Houston Ballet, World Dracula Premiere, 1997.





terça-feira, 7 de setembro de 2010

"Beautiful yet dangerous"


Ao som de Pyretta Blaze !!!

Type O Negative! Yeahhhh

Escrevendo...



As margens das antigas vielas estavam repletas de folhas secas. Fazia um frio úmido ali dentro, e qualquer interferência exterior desistia ao tentar atravessar as altas muralhas de cimento. Nada abalava aquela tranquilidade "morrida". O próprio vento parecia nascer ali mesmo, em uma das extremidades do terreno e depois, varrendo-o saudoso, entediava-se e dispersava suave, até perder suas forças e desaparecer, entre os inúmeros caminhos. As rachaduras atravessavam tortuosas metros e metros do pavimento antigo deixando claro, pelo menos para um observador cauteloso, que tudo aquilo não pertencia a ninguém. Na verdade, era um pouco paradoxal, porque ali, tudo tinha vida: o cimento, a natureza, as pedras, o céu, as almas. Basta a mesquinha interferência humana se afastar e surge a vida de verdade, com suas próprias leis, causando calafrios naqueles que se julgam vivos realmente.

Sempre que venho, faço caminhos diferentes. Nos dias de tempo bom, como dizem, quase sempre encontro pessoas vagando entre os jazigos, distantes de tudo. É como se na terra dos mortos elas se anulassem. Aqui, a vida não tem nenhum valor, é poeira que se acumula entre cantos e frestas, sobre as emendas de mármore dos mais abastados, sobre as letras apagadas dos mais simples.

Hoje o tempo está "ruim", como dizem, mas a verdade é que adoro esses dias. A luz baça entre as nuvens opacas e o ar mais gelado me trazem a sensação de que a humanidade não é nada além de uma morada temporária, uma passagem que logo terminará. Um alívio...pelo menos para mim.

Hoje trago-te lírios, porque na semana passada foram rosas vermelhas (ai, aqueles espinhos...), na outra semana foram...

Número 7, quadra 15, meus pés viram à direita sem questionar. Passo pelos Montori, pelos Nascimento, pelos Netos. E toda vez que estou quase chegando meu coração acelera um pouquinho. Que tipo de esperança? Não sei. Esperança de morrer, de te ver em assombração...qualquer que seja...

E quando olho o nome de tua família encrustado na pedra o coração desacelera e viro presa fácil das lembranças, cenas passadas. Meus olhos rapidamente perdem o foco, nenhuma imagem ao meu redor é necessária pois o palco é montado dentro de mim mesma: palavras, melodias, sons, detalhes. Todas as vezes me ocorrem lembranças diferentes.

...nossas tardes juntos. O sangue que corria em mim corria dentro de ti também. Enquanto estávamos deitados lado a lado na cama, a tarde ia desmaiando vermelha e laranja. Abraçava-te firme para que tu não me escapasses. E assim passava horas perdida dentro de teus olhos, desejando que o tempo deixasse de passar. Mas ele não parou...

Tantas lembranças...e agora as lágrimas escorrem copiosas...

Às vezes choro alto, não sei dizer, e todas aquelas lápides portentosas do século passado me envolvem e não deixam que o som se propague. Não há viv'alma que escute, imagino.




(continua)


†Corvo†
-Memórias -










terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nachtschatten


No chão. Os caracóis negros espalhados sobre as lajotas frias, rachadas pelo tempo. Uma de minhas mãos sobre a tua. Teus olhos postos nos meus, provocantes ou delirantes? Embriaguez perpétua, vinho tinto! Teus longos cabelos e a barba escondem teu sorriso satisfeito.
As grades baixas do jardim nos separam da rua escura. Nenhuma luz sequer. Apenas nosso esquecido quintal. Como num filme em branco e preto decadente. Entre cortes toda nossa história. E o vento sopra mais frio. É ela quem nos chama. Ainda não....
E a neblina desce comovida. Madrugada adentro, nosso silêncio permanece.
-Lord, vou congelar...
Tu me prendes em teus braços, me aquece com teu beijo eloquente.
Me arranca suspiros, me faz....

dizer-te...

quebrar o silêncio....

- ahhh.....

Enquanto, invisíveis, os astros cruzam o céu,
Dessa noite que nunca amanhecerá

† Corvo †
-Memórias -

Red Light


A escuridão

traz a ausencia,

e preenche o vazio que

desola meu peito.

O vento carrega

o cheiro do sangue

ao longo da ponte;

Aqui de cima

meu coração aberto sangra

Lá em baixo

o neon vermelho

do famoso Puteiro.

30 cães me perseguem

farejam a morte

Como souberam?

Hoje, jantam com sorte!!!



†Corvo†


domingo, 29 de agosto de 2010


Esticou o braço para pegar algo que brilhava sobre a mesa. A mobília da sala era escura, suas prateleiras cheias de livros expunham a singularidade daqueles que ali viviam.
De costas para a janela, sentada na poltrona de espaldar alto, seus braços contrastavam com os móveis. Ela era a única matéria que refletia a luz pálida daquele dia.
Tinha os olhos postos no objeto frio que segurava entre os dedos. Um nó na garganta, o coração batendo aflito, muito desperto. Inspirou fundo, e silenciosamente. Esticou os braços nus e colocou-os sobre seus joelhos. A poltrona era larga o bastante para que apoiasse os pés sobre o couro antigo.
Lágrimas começaram a escorrer silenciosas. Instantes depois explodiu num choro agônico. A lâmina atravessou sua carne, de um lado a outro. E o sangue brotou tinto, incandescendo-lhe a brancura. E a dor fez com que se levantasse da forma que pôde e fosse cair no chão, com as costas apoiadas sobre a muralha de livros.
Sentia as pernas tremerem, o estômago revirar quando os soluços acabavam com o ar. As tripas queriam lhe sair pelos olhos e as lágrimas encharcavam sua roupa. Os cabelos grudavam em sua testa. Era bela chorando. Os cabelos negros e ondulados fazendo a moldura dos olhos dilatados e expressivos.
A chave virou na fechadura. A porta rangeu ao ser aberta e o sorriso do homem que a amava desapareceu.
A cena arrancou-lhe qualquer palavra. Com os braços esticados sobre as pernas, tombando para um lado, Lilith sangrava mortalmente; aos prantos.
Ele sentiu suas pernas fraquejarem. As cores desapareceram de seu rosto atordoado.
Com um grito de desespero conseguiu forças para cruzar a portentosa sala. As lágrimas lhes eram inevitáveis.
Ela, um tanto assustada com o horror que causara em seu Lord e com o sangue que inundava o chão, fez mais um corte profundo em seu braço direito:
- Deixe-me. Deixe-me!
- Meu amor, o que acont.....
Abaixou-se, levantou seu corpo ensangüentado com dificuldade. Desistiu. Não havia tempo. Colocou-a estirada sobre o sofá, pegou o telefone e ligou para a emergência.
Enquanto tentava explicar, em prantos, o ocorrido pelo telefone, olhava-a no sofá; tinha desmaiado.
A mulher que amava morria. Estava perdendo a vida como sempre desejara ardentemente. Seu ventre arquejava penosamente para cima e para baixo. Estava difícil respirar.
Penoso telefonema feito, correu para junto dela. Tirou sua camisa e enrolou sobre seus ferimentos profundos, fazendo um torniquete. Colocou-a em seu colo. Estava quase deitado junto dela. O socorro não podia tardar. Continuava em prantos. Nenhum outro ruído a não ser os soluços e palavras abafadas. Puxou-a para mais perto de seu coração:
- Não me deixa, Lilith... – os dentes semicerrados, mal conseguia falar – meu amor...
Quando o socorro chegou, foi muito difícil fazer com que ele soltasse o corpo da garota. Foram preciso três pessoas para convencê-lo de que ela ainda tinha alguma chance de sobreviver.
A sala ficou vazia. O sangue brilhou iluminando os móveis por algumas horas.

† Corvo †
- Silêncio Absoluto -

Soft Spell



North Wind
Brings me your soft spell...
I can't understand a word
So You better shut up!
'Cause I hate you
'Cause I fucking hate you!

You're not half the man
I thought you were,
You're the worst
with your venomous words
I prefere to sleep with
a pile of empty shit
(soft shit smell, hunnn!)

You can burn a thousand times
A hundred years for each lie
And there will be no soft spell
To take you out of this HELL.



(é pra ser uma letra...ahaha se alguém tiver alguma idéia pra complementar...estamos aceitando sugestões)
pintura: Gust of the Wind, de Levy-Dhurmer.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

De John Keats

Bright Star
Bright star! would I were steadfast as thou art
Not in lone splendour hung aloft the night,
And watching, with eternal lids apart,
Like Nature's patient sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors
No, yet still steadfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever or else swoon to death.

- John Keats -


Astro-Fulgente

Fosse eu imóvel como tu, astro fulgente!
Não suspenso da noite com uma luz deserta,
A contemplar, com a pálpebra imortal aberta,
Monge da natureza, insone e paciente
As águas móveis na missão sacerdotal
De abluir, rodeando a terra, o humano litoral,
Ou vendo a nova máscara – caída leve
Sobre as montanhas, sobre os pântanos – da neve,
Não! mas firme e imutável sempre, a descansar
No seio que amadura de meu belo amor,
Para sentir, e sempre, o seu tranqüilo arfar,
Desperto, e sempre, numa inquietação-dulçor,
Para seu meigo respirar ouvir em sorte,
E sempre assim viver, ou desmaiar na morte.


A história de Keats, nem me atrevo a contar...

Tradução: Blog o Mito de Pandora. Imagem: Bright Star Movie, 2009, de Jane Campion, pela Playarte.

Harikiri


Enquanto mantiveste a chama acesa
tive luz nos momentos de mais profunda agonia
Fantasmagóricas imagens projetadas na parede
revelavam a mulher corrompida que me tornara
O desespero e a culpa alimentavam teu fogo
E as chamas incandesciam ainda mais ferventes

Um vento mais forte e a luz se apagou
Na escuridão contemplei toda a verdade
Num lapso de lacônica certeza
tua bela imagem desapareceu
Tarde demais!
Entre cinzas meu Herói faleceu.

† Corvo †
- Memórias...-
imagem: não encontrei o autor dela, mas dou os devidos créditos

sábado, 21 de agosto de 2010

Hécate





"Foi considerada como deusa que preside à magia e aos feitiços. Está ligada ao mundo das sombras. Surge aos magos e às feiticeiras com um archote em cada mão, ou na forma de diversos animais: égua, cadela, loba etc. É a ela que se atribui a invenção da feitiçaria, e a lenda a incorporou à família dos magos por excelência: Circe, Eetes e Medeia. Com efeito, tradições tardias dizem que Circe é filha de Hécate e ora mãe, ora tia de Eetes e Medeia.

Hécate, a deusa grega das encruzilhadas; desenhada por Stephane Mallarmé em Les Dieux Antiques, nouvelle mythologie illustrée (Paris, 1880).Medeia se diz sacerdotisa de Hécate, e sempre está no altar da deusa, em suas invocações. Hécate era uma divindade misteriosa, às vezes identificada com Ártemis (deusa da Lua - esplendor na noite de Lua cheia; e as trevas e seus horrores) -, às vezes com Perséfone (Hécate é a deusa dos espectros e fantasmas). É a deusa da bruxaria e do encantamento, e acreditava-se que vagava à noite pela terra, vista somente pelos cães, cujo latido indicava sua aproximação. Hécate, nesses passeios, estava sempre acompanhada por seu séquito de espectros, entre eles Empusa.

Como feiticeira, Hécate preside às encruzilhadas, que são lugares preferidos da magia. Ali se ergue sua estátua, na forma de uma mulher com três corpos ou três cabeças. Essas estátuas eram abundantes nos campos da antiguidade e junto delas colocavam-se oferendas."

(...)

"Algumas vezes Lilith é associada com a deusa grega Hécate, "A mulher escarlate", um demônio que guarda as portas do inferno montada em um enorme cão de três cabeças, Cérbero."

A pintura é de William Blake, que não foi só poeta (como pensava até então). A obra é de 1795 e retrata Hécate, com suas três personalidades. Através de mais pesquisas na internet, descobri que Hécate é citada inúmeras vezes na obra de Shakespeare.

Me assombro em como as coisas estão ligadas....


Fonte:
Wikipédia: Lilith, Hécate, William Blake, Shakespeare.
E outros sites aleatórios

F5 no Lavoisier

A questão é que nunca podemos ter tudo o que queremos. A vida é feita de trocas e energias que se balanceiam. Se você almeja muito alguma coisa, para conquistá-la você perderá outras. Não adianta, sempre perdemos. Aí vocês podem pensar: "tudo bem, perdi algumas coisas mas consegui o que mais queria." Nessa lei da compensação, que para um corvo faz muito sentido, temos que pensar o que se pode perder, de que vamos abrir mão, e sentir o que vai acontecer conosco quando fazemos um sacrifício grande. Na verdade, todo o sonho que depende apenas de nossa boa vontade, é possível de ser concretizado, ainda que com muito esforço. Agora, se esse sonho envolve outra pessoa, saiba que ele tem chances de não dar certo.
Sim, porque às vezes, nosso maior sonho não se concretiza devido às circunstâncias. E, para viver parcialmente esse sonho, nos sujeitamos a situações que destroem o que somos por dentro. (Não que ligue muito para destruir o que tenho por dentro, na verdade acho que tem várias formas de destruição....e algumas, observando agora, friamente, não são válidas.)
Então, a maior dor é decidir deixar esse sonho de lado, o sonho mais violentamente desejado, e superar. Mas agente supera, porque a lei da compensação existe.
Quando o sofrimento estiver no limite do que você pode suportar, pare de chorar. Apenas repare, enquanto você soluça jogado no chão. Você abriu mão do que mais desejava, então milhares de outras coisas vão acontecer........................... !

† Corvo †

Shakespeare

"These violent delights have violent ends
And in their triumph die, like fire and powder,
Which as they kiss consume"


William Shakspeare, Romeu e Julieta, ato II, cena VI

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ato 5, cena 3




Tenho-o à minha frente,
Entre os raios de sol
o tempo congela.

Fria manhã nascente
Fazemos nosso palco
a antiga capela

Óh!
Não traga sofrimentos e mentiras
Traga-me a certeza de um amor
Consome minha alma
Consuma nosso ato,
Liberta-me de toda dor

†Corvo†
- Memórias....-

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

(des)


Quero despir-me no altar,
descer os degraus em tua direção.


Finda idolatria,
Da musa sois agora inpiração.




† Corvo †
- Memórias de uma quase Vida -